O telefone foi
inventado pelo cientista escocês Alexandre Graham Bell em 1876. No ano seguinte,
em 1877, este aparelho foi instalado no Brasil, na época do Imperador D. Pedro
II. Aos poucos, esse instrumento foi se espalhando pelo resto do país.
Em Carnaubais,
o telefone chegou em 1929, quando a cidade ainda era um povoado chamado Santa
Luzia. Através do esforço de Abel Alberto da Fonseca foi instalado um telefone
público, o primeiro da localidade, que teve como sua primeira telefonista a
Sr.ª Iracema Borja da Fonsêca.
Faltam-nos
informações suficientes para sabermos que tipo e modelo de telefone foi
utilizado aqui naquela época, mas o fato é que desde o início do século XX
Carnaubais já dispunha de um telefone público.
A produção de cera de carnaúba
foi uma atividade econômica muito presente na história de Carnaubais. Hoje em
dia, porém, temos poucos produtores.
Até onde se sabe, Abel Alberto
da Fonseca foi o pioneiro nessa atividade, mas é possível que as famílias criadoras
de gado que se instalaram em nossas terras já praticassem tal atividade. Mas o
fato é que Abel montou uma usina de produção de cera ainda no início do século
passado.
Apesar de não ter evoluído
muito, as técnicas de produção de cera da atualidade são um pouco mais modernas
do que as da época de Abel.
No Museu Zulmira existe uma
máquina de corte de palha (na foto acima) que é anterior as máquinas utilizadas nos dias de
hoje. A diferença era que a máquina mais antiga deveria ficar fixa em algum
lugar que os mais antigos chamavam de “indústria” aguardando que os
trabalhadores levassem as palhas até ela para triturá-las. As máquinas mais
modernas, porém, são acopladas em um caminhão que vai até onde tem as palhas.
A palha após ser triturada,
passa por um processo até se tornar cera que é utilizada para diversos fins,
como a produção de velas, de produtos de limpeza e é utilizada até em chips de
computadores.
Acima temos a foto da antiga
máquina de cortar palha e abaixo temos um vídeo que mostra como a cera é
produzida atualmente.
A fabricação da rapadura
teve início no século XVI, nas Canárias, ilhas espanholas do Oceano Atlântico.
O produto foi exportado para toda a América espanhola no século XVII, época de
grande expansão açucareira.
A rapadura originou-se da
raspagem das camadas (crostas) de açúcar que ficavam presas às paredes dos
tachos utilizados para fabricação de açúcar. O mel resultante era aquecido e
colocado em formas semelhante às de tijolos.
No Brasil, os engenhos de
rapadura existem desde o século XVII, ou talvez antes. Há registro da
fabricação de rapadura, em 1633, na região do Cariri, Ceará.
Comentário
Em Santa Luzia
(Carnaubais), o engenho de rapadura veio a existir somente no início do século
XX, mais exatamente em 1926, através da iniciativa de Abel Alberto da Fonseca.
Como eram os engenhos
Os engenhos de rapadura eram
pequenos e rudimentares. Possuíam apenas a moenda, a fábrica, onde ficavam as
fornalhas, e as plantações de cana que, normalmente, dividiam o espaço com
outros tipos de cultura de subsistência.
No início, as moendas eram
de madeira, movidas a água (onde havia abundância do líquido) ou tração animal
(cavalos e bois). No século XIX, surgiram as moendas de ferro, usando-se ainda
o mesmo tipo de tração. Depois os engenhos evoluíram passando a ser movidos a
vapor, óleo diesel e finalmente a eletricidade.
Comentário
O engenho de Abel não era
diferente desse tipo tão comum espalhado por outras cidades e localidades do
Brasil. Ele era provavelmente de madeira e movido por tração animal, que era a
forma mais comum dos engenhos de nossa região.
O caráter da produção
Por ter um mercado reduzido, em
comparação com o do açúcar, a produção tinha um caráter regional, não sendo
necessária a sofisticação exigida para fabricar o açúcar que era exportado. Até
hoje produz-se rapadura no Brasil com métodos e técnicas rudimentares. Não
houve a introdução de inovações no processo produtivo nem diversificação de
produtos. A grande maioria dos engenhos continua produzindo rapadura em
tabletes de 400g a 500g que são comercializados nas regiões próximas das áreas
produtoras.
Comentário
Apesar da rapadura ainda fazer
parte da culinária carnaubaense, não existe hoje em dia nenhum engenho que
fabrique esse tipo de doce em nossa cidade.
A baixo, temos um vídeo
mostrando como acontece a produção da rapadura em um engenho semelhante ao do tempo de Abel.
Fonte: O texto sobre rapadura está disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br. Acesso em: 14 mai. 2015. Os comentários foram feitos pelo blog.
Após a construção da Igreja de Santa
Luzia em 1913, no ano seguinte em 1914, Abel montou uma pequena indústria para
beneficiamento do algodão. Esta contava com uma máquina que fazia o serviço de
descaroçamento.
No início do século XX existiam em
nossa região pelo menos três tipos de descaroçador de algodão, um mais simples,
feito de madeira, outro mais sofisticado e outro ainda mais sofisticado, pois
já era mecânico. Não sabemos ao certo qual destes três foi trazido por Abel,
mas o mais provável é que ele tenha trazido o mais simples, ou pelo mesmo o
segundo tipo, pois o mecânico era mais raro e mais caro também.
O descaroçador de madeira era projetado
e construído inteiramente de madeira nobre e não utilizava nem um prego sequer,
pois todos os seus encaixes eram feitos de pau. Através de um sistema de moendas
movidas por manivelas, essa máquina retirava o caroço da lã.
O segundo tipo era uma máquina que
consistia numa espécie de peneira com um tambor que girava muito próximo dela,
fazendo o "papel" dos dedos a puxar o fio. Na superfície do cilindro
existiam ganchos que capturavam o fio a partir da semente e uma escova rotativa
puxava-os. A máquina conseguia fazer apenas numa hora o que vários
trabalhadores conseguiam fazer num dia inteiro.
Já o descaroçador mecânico era uma tradicional
maquinário agrícola, chamado pelos sertanejos de “Vapor”. Ele era
atrelado a um besouro, uma máquina de cinquenta serras, utilizada para
descaroçar algodão e possuia um dínamo para gerar energia elétrica.
Apesar de ser apenas um povoado, Santa
Luzia (Carnaubais) já contava com a industrialização desde o começo do século
passado. Mesmo que fosse ainda rudimentar, mas no povoado de Abel já beneficiava o algodão ali produzido com o auxílio de um maquinário. E isso se
deu, por causa da iniciativa e da visão inovadora de Abel Alberto da Fonseca.
Além da construção do Sobrado, da organização da feira livre, da adoção
de Santa Luzia como padroeira da comunidade e da mudança de nome do povoado de
Poço da Lavagem para Santa Luzia, também foi Abel Alberto da Fonseca um pivor
para a construção da Igreja de Santa Luzia, o primeiro templo religioso de
nossa cidade, cujo prédio ainda continua de pé e pode ser visto e visitado até
hoje na Cidade Histórica.
Abel liderou o movimento para a construção da igreja em 1913 e a partir
disso, a vida religiosa de Santa Luzia (Carnaubais) passou a girar em torno desse
local, onde acontecia as missas, as novenas, os casamentos. Além da
religiosidade, era na calçada da igreja onde ocorria as apresentações do
pastoril durante os festejos em homenagem a Santa Luzia. Foi essa mesma calçada
também, que durante a cheia de 1974 serviu de abrigo para os bens de algumas
pessoas que aguardavam por socorro.
Depois da mudança da sede do município para o tabuleiro e a construção
da Igreja de Santa Luzia na cidade nova, a antiga igreja se tronou um monumento
histórico de nosso município, tendo mais de cem anos de edificação e sendo uma das construções mais antigas de nossa cidade. E o que é melhor, ainda de pé. Mas ela não perdeu sua utilidade religiosa, pois
é neste local onde acontece também nos dias de hoje as missas de São José, que
é o atual padroeiro da Cidade Histórica.
A antiga Igreja de Santa Luzia é um patrimônio do povo e da história carnaubaense.
Abel Alberto
da Fonseca era devoto de Santa Luzia e foi ele o responsável por torná-la a
padroeira de Poço da Lavagem e ao mesmo tempo por mudar o nome desse povoado
que passou a se chamar Santa Luzia em homenagem a sua patrona.
Dizem alguns
mais velhos que o que levou Abel a trazer a santa de Siracusa para ser
padroeira da localidade onde ele morava foi uma promessa. Aconteceu que no carnaubal
dele começou um incêndio. Temendo o prejuízo, Abel fez um voto a santa de que
se o fogo não atingisse os “olhos” das carnaubeiras ele faria dela a patrona de
sua comunidade. Pouco tempo depois, começou uma chuva que acabou com o fogo e
não permitiu que ele consumisse aquelas árvores. Assim, tendo sido favorecido,
Abel cumpre sua promessa fazendo de Santa Luzia a padroeira de sua localidade.
Se é verdade
ou não o que contam os mais velhos não temos como saber, pois falta-nos
documentos que comprovem o fato ocorrido. Mas é certo que foi por causa da
influência de Abel Alberto da Fonseca que Carnaubais adotou Santa Luzia como
sua padroeira, permanecendo com essa devoção até hoje e que foi a partir desse
acontecimento que houve a mudança do nome de Poço da Lavagem para Santa Luzia,
o segundo nome da terra que futuramente seria a cidade de Carnaubais.
A feira livre de Carnaubais já acontece há quase 102 anos. Ela foi
primeiramente organizada por Abel Alberto da Fonseca, ocorrendo inicialmente em
um sábado, 13 de Dezembro de 1913, dia de Santa Luzia. Apesar de a primeira
feira ter acontecido num sábado, ela passou a ocorrer aos domingos pela manhã
ao lado do Sobrado.
Depois que construíram o mercado do povoado de Santa Luzia
(Carnaubais) a feira livre deixou de ser ao lado do Sobrado e passou a
acontecer naquele novo local. Após a cheia de 1974, a reconstrução de
Carnaubais no tabuleiro e a construção do novo mercado público no novo centro
municipal, a feira livre passou a ocorrer ao lado deste, aos domingos de manhã.
E isso acontece até aos dias de hoje.
Atualmente, depois de mais de cem anos, a feira livre de
Carnaubais ganhou uma cobertura para um melhor acolhimento dos comerciantes e
dos compradores.
Por
tanto, uma tradição centenária, organizada primeiramente por Abel Alberto da
Fonseca se perpetua ao longo do tempo. A feira livre de Carnaubais que acontece
todos os domingos pela manhã ao lado do mercado público.