quinta-feira, 30 de abril de 2015

SOBRE O SOBRADO DE ABEL ALBERTO DA FONSECA

O Sobrado foi construído por Abel Alberto da Fonseca para sua moradia. Não há registro que possa nos dizer com exatidão em que ano se deu sua construção, mas é possível que tenha sido em 1910, o mesmo ano em que Abel veio morar em Poço da Lavagem (Carnaubais) e o mesmo ano do seu casamento com Júlia Câmara, sua primeira esposa.

Esse edifício foi uma obra que marcou a arquitetura local da época que era em sua maioria formada pelas modéstias casas de taipas. Além disso, apesar de Poço da Lavagem já possuir construções de alvenaria e até mesmo alguns casarões, nenhum deles era do porte do sobrado com sua arquitetura de primeiro andar.

Era neste local que Abel abrigava os padres celebrantes da missa de Santa Luzia e o bispo, que participava da missa de encerramento. Também era ao lado deste que acontecia, aos domingos pela manhã, a feira livre do povoado, organizada por Abel desde 1913.

Depois que Abel foi morar em Assu em 1951, o Sobrado serviu de moradia ao casal de missionários americanos Fred e Virginia McClanahan, que atuaram em Carnaubais na década de 1960 e na primeira metade da década de 1970. Por último, ele foi de propriedade da família de Francisco Rodrigues de Moura, Chico Amancio, como era mais conhecido.


O Sobrado resistiu a várias enchentes que aconteceram em Carnaubais, dentre elas a de 1974 que foi a maior, a de 1984 e 1985, a de 2004 e a de 2008. Mas ele não resistiu a ação do tempo nem a ação humana, pois, depois de ter passado vário anos abandonado foi se deteriorando até ser finalmente demolido por seus últimos donos em 30 de Dezembro de 2008.

Fotos: À cima, as ruínas do Sobrado durante a enchente de 2008; a baixo, ruínas do Sobrado antes de ser demolido.


terça-feira, 28 de abril de 2015

SOBRE ABEL ALBERTO DA FONSECA

Após sua formação nos três últimos quartéis do século XIX, o povoado de Poço da Lavagem iria conhecer o maior líder de sua história no início do século XX, com a chegada em suas terras do agropecuarista, comerciante e empresário Abel Alberto da Fonseca, um homem que demonstrou muito amor e vontade de desenvolver sua comunidade.

Abel Alberto da Fonseca nasceu em 25 de Março de 1887 na comunidade assuense de Panon, fruto da união do casal José Antonio da Fonseca e Rosalinda Rosenda Cabral da Fonseca.

Em 1910, ele adquiriu uma propriedade no povoado de Poço da Lavagem, onde passou a residir, dedicando-se a atividades comerciais. Neste mesmo ano também aconteceu o seu casamento com a Sr.ª Júlia Câmara, que era natural de Ceará-Mirim. O casal teve apenas um filho. Júlia adoeceu e faleceu prematuramente.

Após o falecimento da esposa, nas suas andanças como comerciante, uma espécie de “caixeiro viajante”, conheceu a jovem França Fernandes, com quem teve um relacionamento e com quem gerou quatro filhos.

Mas após 17 anos do falecimento de sua primeira esposa, Abel casou-se pela segunda vez, em 31 de julho de 1927, com a Sr.ª Iracema Borja da Fonsêca com quem viveu até o fim de seus dias e gerou uma filha.

Abel Alberto teve uma participação social, política e econômica intensa em Poço da Lavagem, pois neste lugar ele construiu o que veio a ser o seu famoso sobrado, obra que marcou a arquitetura local da época que era acostumada com as modéstias casas de taipas. Em 1913 ele organizou, ao lado do seu sobrado, a primeira feira livre daquele povoado, que acontecia aos domingos pela manhã, costume este que continua até os dias de hoje.

Devoto de Santa Luzia consegue mudar o nome do povoado de Poço da Lavagem para Santa Luzia, tornando-a padroeira daquele local, organizando as festividades alusivas à santa e liderando o movimento para a construção da Igreja de Santa Luzia em 1913. Durante as novenas da Festa de Santa Luzia, era ele quem abrigava em sua residência os padres celebrantes e o bispo, que participava da missa de encerramento.

Em 1914 Abel instalou uma indústria para descaroçar algodão. Em 1926, montou um engenho para fabricar rapadura, além de possuir uma usina de fazer cera de carnaúba. Em 1928 contratou a primeira professora do povoado, a Sr.ª Francisca Borja e em 1929 lutou e conseguiu a instalação de um telefone público, o primeiro do povoado, que teve como sua primeira telefonista a Sr.ª Iracema Borja da Fonsêca.

Em 1951, Abel foi morar na cidade de Assu, vindo a residir no sobrado da Rua Prefeito Manoel Montenegro, onde morou até o fim de sua vida, fato este que aconteceu oito anos depois de sua mudança, em 17 de Abril de 1959.

Abel Fonseca foi um homem além do seu tempo. Apesar de nunca ter se candidatado a nenhum cargo político, exerceu uma enorme influência junto à população, sendo o líder nato da velha Santa Luzia, atual Carnaubais.


Pelo seu grande legado de trabalho e melhorias na vida dos moradores de Santa Luzia (Carnaubais), Abel Alberto da Fonseca é uma personalidade merecedora de admiração e de ser lembrada pelas novas gerações. Por isso, a nossa cidade o homenageia tomando emprestado o seu nome e dando-o a avenida principal e a escola municipal de nosso município.

FONTE:

DANTAS, Luiz Gonzaga Cavalcante (Org.). Conhecendo Carnaubais. Carnaubais: Manso Artes Gráfica Ltda, 1997.
               
 http://assunapontadalingua.blogspot.com.br/. Acesso em: 27 abr. 2015.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

CURIOSIDADE: SOBRE O POÇO DA LAVAGEM E AS ENCHENTES

O poço onde os tropeiros paravam para descansar juntamente com os seus animais localizava-se em um terreno que atualmente encontra-se próximo as ruínas da antiga casa do motor (foto à esquerda) e próximo a casa do senhor Pedro Marques, na Cidade Histórica.

Segundo o professor Carlos Augusto, baseado em depoimentos de pessoas mais antigas, a cheia que deu origem ao poço, que por sua vez deu o nome de Poço da Lavagem ao povoado que se tronaria posteriormente a cidade de Carnaubais, aconteceu no ano de 1874.

Esse poço ainda permaneceu com água até o final da década de 1930, pois foi reforçado por outra enchente que aconteceu em 1924.

Se esse dado for verdadeiro, temos dois fatos bastante curiosos. O primeiro, é que por causa de uma cheia se formou o poço da lavagem em 1874 e cem anos depois, em 1974, também por causa de uma cheia, a cidade que outrora foi o Poço da Lavagem foi inundada e teve que mudar sua sede da várzea para o tabuleiro. Sendo assim, pelas águas da enchente se formou e pelas águas da enchente, exatamente cem anos depois, se reformou a cidade de Carnaubais.

       
O segundo fato curioso é que segundo os mais antigos, “a era de 4 “, ou seja, os anos com terminação 4 seriam anos de enchente. Seguindo essa lógica, em 1874 tivemos a cheia que deu origem ao poço da lavagem, em 1924 tivemos a cheia que reforçou o poço da lavagem, em 1974 tivemos a cheia que inundou a cidade de Carnaubais obrigando-a a transferir sua sede para o tabuleiro. Sem falar de posteriores cheias que aconteceram também em anos com terminação 4, como por exemplo as enchentes de 1984 e de 2004.

Fotos atuais.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

NOTA HISTÓRICA: O TROPEIRISMO E A FORMAÇÃO DE POVOADOS, VILAS E CIDADES

Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de “tropa” que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos.

O papel do tropeiro, no século XIX, pode ser visto como a síntese entre dois fatores: tecnologia rudimentar e grande empreendimento mercantil, pois, devido ao traçado das estradas que conectavam o litoral ao interior do Brasil – mal conservadas, extremamente estreitas e sinuosas –, apenas a mula de carga reunia condições de trafegar pelos tortuosos caminhos que serviam ao escoamento da produção cafeeira para os portos, de onde seguiam para os mercados consumidores no exterior (FRANCO,1983).

As dificuldades apresentadas durante os trajetos, somando-se à necessidade de paradas para descanso dos animais e dos próprios condutores, obrigaram que se estabelecessem ranchos para abrigo da tropa ao final de cada dia de jornada, cuja distância percorrida variava entre 18 e 25 quilômetros. Esses ranchos, em muitos casos, eram construídos pelos fazendeiros para que os tropeiros que transportavam seus produtos pudessem descansar e seguir viagem na madrugada seguinte.

Depois de estabelecidos os ranchos, os fazendeiros não tardavam em erguer uma capela, símbolo de sua devoção, em seguida instalava-se uma pequena venda para suprir as necessidades básicas dos tropeiros e viajantes em geral que por ali trafegassem. Depois, algumas famílias fixavam moradia no entorno e estava dado o ponto de partida para o estabelecimento de mais uma vila no interior do país. Muitas das pequenas vilas de outrora constituíram prósperas cidades como Campinas e Jundiaí em São Paulo e Pouso Alegre em Minas Gerais (ALMEIDA, 1981).

A pequena cidade de Carnaubais também surgiu e teve seu primeiro nome derivado desse contexto, pois na segunda metade do século XIX foram estabelecendo-se em nossas terras alguma famílias criadoras de gado que montaram suas fazendas. Aos poucos foi se formando um povoado propriamente dito que era ponto estratégico na rota de escoação de produtos que vinham de Macau e deveriam ser distribuídos pelo grande Vale até chegar ao Seridó. Os homens que transportavam essas mercadorias eram os tropeiros, que tinham como um dos seus pousos para descanso um poço nas imediações daquele povoado. Nesse poço, eles paravam, se alimentavam, descarregavam seus animais, banhava-os, davam de beber e também os alimentavam antes de seguirem viagem. Por causa disso, aquela localidade que futuramente se tronaria a cidade de Carnaubais passou a ser chamada de Poço da Lavagem.


Fonte: (Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov. 2008; Disponível em http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao41/materia06/. Acesso em: 10 abr. 2015).

OS TROPEIROS E O POÇO DA LAVAGEM

As terras onde as famílias criadoras de gado se estabeleceram e formaram um povoado situava-se na rota de escoação dos produtos vindos de Macau e que seriam distribuídos pelo Vale até a região do Seridó. Artigos como açúcar, tecidos, chapéus, louças, móveis, bebidas, farinha de trigo, mandioca, sal e charque que vinham da Europa ou dos grandes centros brasileiros chegavam até o Porto do Carão, eram descarregados em armazéns e depois distribuídos pelo interior.

O transporte desses produtos era feito no lombo de cavalos, burros e mulas e eram conduzidos por homens conhecidos como tropeiros. Eles eram os responsáveis por distribuírem esses produtos sertão à dentro. Os tropeiros saiam do Porto do Carão antes do sol raiar e ao longo do seu percurso faziam algumas paradas para descanso, antes de chegarem ao seu destino.

Nesse contexto, as terras aonde viriam a ser a antiga cidade de Carnaubais foi um ponto estratégico para esses andarilhos, pois era justamente nessas imediações que eles chegavam, próximo ao meio dia e paravam juntamente com os seus comboios para se alimentarem e repousarem. O ponto de parada era um poço de água que tinha se formado após uma grande cheia do rio Açu. Era nesse local que eles tiravam as cargas dos animais, banhava-os, davam de beber e os alimentavam. Ali mesmo também, preparavam seu almoço e descansavam até seguirem viagem ao entardecer.
        
         
         Essa parada para o descanso dos tropeiros e de seus animais naquele poço originou o nome daquele povoado, que ficou sendo conhecido como Poço da Lavagem. Esse seria, então, o primeiro nome da localidade que futuramente se tornaria a cidade de Carnaubais.

Figura 1: apenas ilustrativa; figura 2: vestimentas de vaqueiro exposta no Museu Zulmira Bezerra de Siqueira.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O POVOAMENTO DE CARNAUBAIS

Após a ocupação de nossas terras por Antônio Pereira de Albuquerque, foram chegando e se instalando por aqui outras famílias criadoras de gado, entre elas estavam os Alves, Lacerda, Montenegro e Wanderley. Essas famílias vieram atraídas pelas condições favoráveis que nosso território oferecia, como a proximidade ao Rio Açu e consequentemente solos férteis, propícios para a criação e a agricultura. A partir dessa nova ocupação foi que progressivamente se desenvolveu um povoado propriamente dito.

Posteriormente, houve o aparecimento de outras famílias e aos poucos foram se formando em nossas terras as primeiras fazendas, como a dos Viana, localizada próxima a atual cidade de Porto do Mangue, a do Alemão, de propriedade da família Camilo Bezerra, a do Arraial que pertencia ao senhor Elói Lacerda e a da Arenosa, da família Benevides Oliveira. Essas três últimas hoje em dia são comunidades rurais de nosso município que levam o mesmo nome.

Algumas dessas famílias construíram em suas propriedades casarões para abrigarem suas famílias. E essas construções têm resistido ao tempo e se mantido de pé até hoje. Algumas em forma de ruínas, como a do Arraial, enquanto outras ainda bem conservadas, como a da Arenosa.


Esses casarões são o símbolo de que o povoamento das terras de Carnaubais foi movido pela chegada e instalação das famílias criadoras de gado.

Foto: Casarão de Elói Lacerda, situado na comunidade de Arraial.

terça-feira, 14 de abril de 2015

NOTA HISTÓRICA: A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

O que foi

   A Confederação do Equador foi um movimento político e revolucionário ocorrido na região Nordeste do Brasil em 1824. O movimento teve caráter emancipacionista e republicano. Ganhou este nome, pois o centro do movimento ficava próximo a Linha do Equador. A revolta teve seu início na província de Pernambuco, porém, espalhou-se rapidamente por outras províncias da região (Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba).

   Em Pernambuco, centro da revolta, o movimento teve participação das camadas urbanas, elites regionais e intelectuais. A grande participação popular foi um dos principais diferenciais deste movimento.

Causas principais

- Forte descontentamento com centralização política imposta por D. Pedro I, presente na Constituição de 1824;

- Descontentamento com a influência portuguesa na vida política do Brasil, mesmo após a independência;

- A elite de Pernambuco havia escolhido um governador para a província: Manuel Carvalho Pais de Andrade. Porém, em 1824, D.Pedro I indicou um governador de sua confiança para a província: Francisco Paes Barreto. Este conflito político foi o estopim da revolta.

Objetivos da revolta

- Convocação de uma nova Assembleia Constituinte para elaboração de uma nova Constituição de caráter liberal;

- Diminuir a influência do governo federal nos assuntos políticos regionais;

- Acabar com o tráfico de escravos para o Brasil;

- Organizar forças de resistências populares contra a repressão do governo central imperial;

- Formação de um governo independente na região.

Reação do governo e fim do movimento


   Sob o comando do almirante britânico Thomas Cochrane, as forças militares do império atuaram com rapidez e força para colocar fim ao movimento emancipacionista. Um dos principais líderes, Frei Caneca, foi condenado ao fuzilamento. Padre Mororó, outra importante liderança, foi executado a tiros. Outros foram condenados à prisão como foi o caso do jornalista Cipriano Barata. Muitos revoltosos fugiram para o sertão e tentaram manter o movimento vivo, porém o movimento perdeu força no mesmo ano que começou.

Fonte: www.historiadobrasil.net/resumos/confederacao_do_equador.htm; Acessado em 14 de Abril de 2015.


A Confederação do Equador e Carnaubais

   Segundo o professor Carlos Augusto, baseado em depoimentos dos mais antigos, o primeiro habitante não indígena de Carnaubais, Antonio Pereira de Albuquerque, teria vindo do Recife, fugindo da repressão aos participantes desse movimento e após ter passado por Natal, teria se instalado em nossas terras com a sua família. 







A OCUPAÇÃO DE CARNAUBAIS

Segundo o professor Carlos Augusto, baseado em depoimentos dos mais antigos, o primeiro habitante não indígena de Carnaubais foi Antônio Pereira de Albuquerque que teria chegado aqui em 1825. Ele veio de Recife, fugindo da repressão aos participantes da Confederação do Equador e após ter passado por Natal teria se estabelecido nessas terras, tornando-se proprietário e fazendeiro. Foi ele também o construtor da primeira casa de alvenaria desse local (na foto à esquerda), erguida em 1847.

Não se sabe como e em que ano Antônio Pereira de Albuquerque morreu, se teria morrido por aqui ou teria ido embora antes e o que aconteceu com sua família após a sua morte.
          
     A casa construída por ele, porém, teve outros donos posteriormente, e foram eles, Teodoro Câmara, Pantaleão de Aquino e Manoel Benevides de Oliveira Filho. Ela foi derrubada por esse último, restando dela apenas fotos e alguns tijolos expostos no museu e suas ruínas que ainda podem ser vistas na Cidade Histórica.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

CURIOSIDADE: AUTOBIOGRAFIA DE ZULMIRA BEZERRA DE SIQUEIRA

No Museu Municipal, encontram-se algumas memórias, alguns versos e outras anotações pessoais de Zulmira Bezerra de Siqueira. Abaixo, temos uma transcrição de uma autobiografia (foto à esquerda) que se encontra exposta no museu.

A minha vida

Nasci no sítio Melancias, no dia 20 de maio de 1928. Filha de um casal agricultor de nome Luiz Pedro Bezerra e de Maria da Glória Bezerra, casados, civil e eclesiástico. Trabalhava sempre na agricultura ao lado do meu pai e meus irmãos. Para termos a manutenção fazíamos limpeza no roçado e apanhávamos o algodão e o feijão. Fazíamos toda a colheita. Mas eu pensei em me casas, arranjei um namorado, este era meu parente e com ele eu me casei aos 22 anos. Mudei de trabalho, meu marido começou arrendando carnaubal para manter a casa e eu sempre o ajudando, como ajudava o meu pai. Sempre acompanhava nas campanhas da safra da cêra para criarmos nossos filhos. Somente em 1955 que pensamos em ir ao Rio, lá moravam os pais do meu esposo. Então nesta época, eu só tinha um filho o Antônio Júlio. Mas não deu nada para nós, se despedimos dos familiares e voltamos para o mesmo ramo de carnaubal. E continuamos, chegou o 2º filho, o Antônio Júnior e veio o 3º em 1960, o Janilson. Com estas 3 crianças para criarmos e educá-los, não foi mole, mas sempre confiando em Deus, para que ele nos desse coragem e força para vencermos, e estamos vencendo, graças a Deus. Tivemos a oportunidade de jogá-los para Natal e lá estão. Eles já é que cuidam de nós. Eles são bons filhos. Tiveram sorte através do estudo, de trabalharem em cartório, firma e banco. Não tem nenhum formado, mas o saber de cada um já estão lhe servindo. Brevemente terá o caçula, formado. Se Deus quiser. Sempre me julgo uma mãe muito feliz, por tudo e por um motivo especial, que ainda tenho a minha mãe ao meu lado, vivendo seus 85 anos. Neste Natal de Jesus peço muitas felicidades para ela e todos de minha família. Não sou invejosa, só quero ser o que sou, uma simples funcionária municipal. Com a ajuda de meu marido, meus filhos e o que pego vivo bem sossegada em meu lar. Não tenho pensamentos de riquezas, pois quando seguirmos para Jesus nada disso levamos. Só peço que Deus não nos desprese. Somente concluo esta pequena crônica linda que escrevi para você.
Quem escreveu esta, foi Dona Zulmira Bezerra de Siqueira.
Assinatura

Em 23/12/82

Carnaubais 23 de dezembro de 1982.

Que Jesus nos ilumine neste novo ano de 1983.


COMENTÁRIO

O interessante dessa pequena biografia é que ela nos mostra um pouco sobre como era a economia de Carnaubais no início do século passado, como por exemplo, o fato das pessoas viverem da agricultura de subsistência, da produção de algodão ou do arrendamento de carnaubal para a produção de cera.

Mostra também a tentativa de nosso povo em buscar uma melhor condição de vida na região Sudeste e tendo que retornar por não ter conseguido encontrar essa melhoria.


Além disso, percebemos como era a mentalidade da mulher daquela época, uma mentalidade religiosa, que tinha a maternidade como vocação e a família como motivo de alegria.

domingo, 12 de abril de 2015

SOBRE ZULMIRA BEZERRA DE SIQUEIRA

Zulmira Bezerra de Siqueira nasceu no sítio Melancias no dia 20 de maio de 1928, sendo filha de um casal de agricultores por nome Luiz Pedro Bezerra e Maria da Glória Bezerra.

Aos 22 anos, casou-se com Joel Bezerra, com quem gerou seus três filhos: Júlio, Antonio Júnior e Janilson.

Zulmira foi a primeira diretora da Escola Municipal Abel Aberto da Fonseca e foi também a primeira mulher a ocupar o cargo de vereadora no legislativo carnaubaense.

Ela também teve uma grande participação na religiosidade de nosso município, administrando por vários anos as festas de Santa Luzia e São Sebastião.

Além disso, teve também um lado de escritora, compondo várias poesias, poemas e crônicas que não foram publicadas, das quais, boa parte está guardada com seus filhos, além de uma pequena amostra que se encontra no museu.

Zulmira faleceu no dia 18 de agosto de 1990 aos 62 anos, vítima de problemas de saúde e o seu corpo foi sepultado no Cemitério de Santa Luzia.


E foi essa talentosa mulher, que soube ser também uma excelente mãe e educadora que legou seu nome ao museu de Carnaubais.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

NOTA HISTÓRICA: SOBRE O GENERAL EURICO GASPAR DUTRA

O General Eurico Gaspar Dutra foi o 16º presidente do Brasil. Ele foi eleito em 2 de dezembro de 1945 pelo Partido Social Democrático (PSD) em coligação com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), tendo como vice-presidente Nereu Ramos.

Dutra foi o sucessor de Getúlio Vargas, tendo seu mandato começado em 31 de janeiro de 1946 e terminado em 31 de janeiro de 1951.

            Foi em seu governo que foi concedido recursos para a construção do Grupo Rural de Carnaubais, a primeira escola estadual deste município, que foi inaugurada em 29 de outubro de 1949.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

SOBRE O PRÉDIO DO MUSEU

O Museu Municipal Zulmira Bezerra de Siqueira se encontra no prédio onde funcionou a primeira escola estadual do município, o Grupo Rural de Carnaubais.

Esta escola foi inaugurada em 29 de outubro de 1949, sendo uma obra construída com recursos concedidos pelo governo federal, na gestão do então presidente da república o General Eurico Gaspar Dutra e do então ministro da educação e saúde Dr. Clemente Mariani, conforme placa que se encontra no próprio recinto.


O prédio foi restaurado pela prefeitura de Carnaubais, sendo inaugurado como museu no dia 12 de setembro de 2001, na gestão do então prefeito municipal Luiz Gonzaga Cavalcante Dantas e do secretário de educação Paulo Cavalcante Dantas, também conforme placa que se encontra nas dependências do museu.

SOBRE O MUSEU

O museu de Carnaubais se chama Museu Municipal Zulmira Bezerra de Siqueira, em homenagem a primeira diretora da Escola Municipal Abel Alberto da Fonseca, a primeira vereadora do município, assim como uma escritora que compôs vários poemas, poesias e crônicas.

O Museu Zulmira foi inaugurado em 12 de setembro de 2001 e se encontra no prédio onde funcionou o Grupo Rural de Carnaubais, a primeira escola estadual do município, na Cidade Histórica.


Lá existe um importante acervo de peças, fotografias, utensílio, documentos e escritos que contam a história de nosso município e de nossa gente, com suas lutas e vitórias, seus trabalhos e diversões, sua cultura, política e religiosidade. Enfim, o museu abriga elementos e informações das diversas áreas que delineiam nossa identidade e que faz de nós um povo único, o povo carnaubaense.