quinta-feira, 23 de abril de 2015

NOTA HISTÓRICA: O TROPEIRISMO E A FORMAÇÃO DE POVOADOS, VILAS E CIDADES

Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de “tropa” que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos.

O papel do tropeiro, no século XIX, pode ser visto como a síntese entre dois fatores: tecnologia rudimentar e grande empreendimento mercantil, pois, devido ao traçado das estradas que conectavam o litoral ao interior do Brasil – mal conservadas, extremamente estreitas e sinuosas –, apenas a mula de carga reunia condições de trafegar pelos tortuosos caminhos que serviam ao escoamento da produção cafeeira para os portos, de onde seguiam para os mercados consumidores no exterior (FRANCO,1983).

As dificuldades apresentadas durante os trajetos, somando-se à necessidade de paradas para descanso dos animais e dos próprios condutores, obrigaram que se estabelecessem ranchos para abrigo da tropa ao final de cada dia de jornada, cuja distância percorrida variava entre 18 e 25 quilômetros. Esses ranchos, em muitos casos, eram construídos pelos fazendeiros para que os tropeiros que transportavam seus produtos pudessem descansar e seguir viagem na madrugada seguinte.

Depois de estabelecidos os ranchos, os fazendeiros não tardavam em erguer uma capela, símbolo de sua devoção, em seguida instalava-se uma pequena venda para suprir as necessidades básicas dos tropeiros e viajantes em geral que por ali trafegassem. Depois, algumas famílias fixavam moradia no entorno e estava dado o ponto de partida para o estabelecimento de mais uma vila no interior do país. Muitas das pequenas vilas de outrora constituíram prósperas cidades como Campinas e Jundiaí em São Paulo e Pouso Alegre em Minas Gerais (ALMEIDA, 1981).

A pequena cidade de Carnaubais também surgiu e teve seu primeiro nome derivado desse contexto, pois na segunda metade do século XIX foram estabelecendo-se em nossas terras alguma famílias criadoras de gado que montaram suas fazendas. Aos poucos foi se formando um povoado propriamente dito que era ponto estratégico na rota de escoação de produtos que vinham de Macau e deveriam ser distribuídos pelo grande Vale até chegar ao Seridó. Os homens que transportavam essas mercadorias eram os tropeiros, que tinham como um dos seus pousos para descanso um poço nas imediações daquele povoado. Nesse poço, eles paravam, se alimentavam, descarregavam seus animais, banhava-os, davam de beber e também os alimentavam antes de seguirem viagem. Por causa disso, aquela localidade que futuramente se tronaria a cidade de Carnaubais passou a ser chamada de Poço da Lavagem.


Fonte: (Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov. 2008; Disponível em http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao41/materia06/. Acesso em: 10 abr. 2015).

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