segunda-feira, 13 de abril de 2015

CURIOSIDADE: AUTOBIOGRAFIA DE ZULMIRA BEZERRA DE SIQUEIRA

No Museu Municipal, encontram-se algumas memórias, alguns versos e outras anotações pessoais de Zulmira Bezerra de Siqueira. Abaixo, temos uma transcrição de uma autobiografia (foto à esquerda) que se encontra exposta no museu.

A minha vida

Nasci no sítio Melancias, no dia 20 de maio de 1928. Filha de um casal agricultor de nome Luiz Pedro Bezerra e de Maria da Glória Bezerra, casados, civil e eclesiástico. Trabalhava sempre na agricultura ao lado do meu pai e meus irmãos. Para termos a manutenção fazíamos limpeza no roçado e apanhávamos o algodão e o feijão. Fazíamos toda a colheita. Mas eu pensei em me casas, arranjei um namorado, este era meu parente e com ele eu me casei aos 22 anos. Mudei de trabalho, meu marido começou arrendando carnaubal para manter a casa e eu sempre o ajudando, como ajudava o meu pai. Sempre acompanhava nas campanhas da safra da cêra para criarmos nossos filhos. Somente em 1955 que pensamos em ir ao Rio, lá moravam os pais do meu esposo. Então nesta época, eu só tinha um filho o Antônio Júlio. Mas não deu nada para nós, se despedimos dos familiares e voltamos para o mesmo ramo de carnaubal. E continuamos, chegou o 2º filho, o Antônio Júnior e veio o 3º em 1960, o Janilson. Com estas 3 crianças para criarmos e educá-los, não foi mole, mas sempre confiando em Deus, para que ele nos desse coragem e força para vencermos, e estamos vencendo, graças a Deus. Tivemos a oportunidade de jogá-los para Natal e lá estão. Eles já é que cuidam de nós. Eles são bons filhos. Tiveram sorte através do estudo, de trabalharem em cartório, firma e banco. Não tem nenhum formado, mas o saber de cada um já estão lhe servindo. Brevemente terá o caçula, formado. Se Deus quiser. Sempre me julgo uma mãe muito feliz, por tudo e por um motivo especial, que ainda tenho a minha mãe ao meu lado, vivendo seus 85 anos. Neste Natal de Jesus peço muitas felicidades para ela e todos de minha família. Não sou invejosa, só quero ser o que sou, uma simples funcionária municipal. Com a ajuda de meu marido, meus filhos e o que pego vivo bem sossegada em meu lar. Não tenho pensamentos de riquezas, pois quando seguirmos para Jesus nada disso levamos. Só peço que Deus não nos desprese. Somente concluo esta pequena crônica linda que escrevi para você.
Quem escreveu esta, foi Dona Zulmira Bezerra de Siqueira.
Assinatura

Em 23/12/82

Carnaubais 23 de dezembro de 1982.

Que Jesus nos ilumine neste novo ano de 1983.


COMENTÁRIO

O interessante dessa pequena biografia é que ela nos mostra um pouco sobre como era a economia de Carnaubais no início do século passado, como por exemplo, o fato das pessoas viverem da agricultura de subsistência, da produção de algodão ou do arrendamento de carnaubal para a produção de cera.

Mostra também a tentativa de nosso povo em buscar uma melhor condição de vida na região Sudeste e tendo que retornar por não ter conseguido encontrar essa melhoria.


Além disso, percebemos como era a mentalidade da mulher daquela época, uma mentalidade religiosa, que tinha a maternidade como vocação e a família como motivo de alegria.

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